ATA DA QUADRAGÉSIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 28.11.19-10-1991.

 

 


Aos vinte e oito dias do mês de novembro do ano deoutubro mil novecentos e nooventaenta  e um, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Qquadragésima Sexta Sessão Solene da da Terceira Sessão  Legislativura Ordinária da Décima Legislatura, destinada a conceder o Título de Cidadão Emérito aos Senhores José Manito, Paulo Sampaio e Gilberto Amaro do Nascimento, concedidos através dos Projetos de Resoluçãover nos 24, 01 e 29/91 (Processos nos 1460, 198 e 1807/91), de autoria dos Vereadores Cyro Martini, Nereu D’Ávila e João Motta, respectivamente. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidade presentes. Compuseram a Mesa: Vereador Antonio Hohlfeldt, Presidente da Casa; Deputado Estadual Valdir Fraga, representando a Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; Senhores Luíis Paulo Pilla Vares, Secretário Municipal da Cultura, representando o Prefeito Municipal de Porto Alegre; José Manito, Gilberto Amaro do Nascimento e Paulo Sampaio, Homenageados; Eduardo Nascimento, Filho do Homenageado; Senhora Eneida Sampaio, Esposa de Homenageado; Senhor Antoninho Gonzalez, Presidente da Associação Riograndense de Imprensa; e Vereador João Motta, Secretário “ad hoc”. Em prosseguimento, pronunciou-se acerca do evento, concedendo a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Nereu D’Ávila, em nome das Bancadas PDT, PDS, PTB, PL, PFL e PMDB, disse que o talento do Senhor Paulo Sampaio é uma herança de família e que só os privilegiados conseguem representar, num quadrado limitado, através do desenho o que muitos não podem transmitir através de palavras. Falou, também, sobre a música, a cultura, o jornalismo e o esporte amador ressaltados pelo Homenageado em suas “charges”. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Senhores Gilberto Buá, filho de Gilberto Nascimento; Mauro Sampaio, filho de Paulo Sampaio; Newton Burmeister, Secretário Municipal de Obras e Viação; Tenente-Coronel César Chaves, do Batalhão de Polícia de Choque; Tenente-Coronel Lauro, do 1º Batalhãâo de Polícia Militar; Cândido Noberto, Francisco Fiorenzano; Chico Gaudério; João Carlos Vasconcelos, Secretário Municipal do Planejamento; Professor Jorge Schneider; Luísiz Fernando Veríssimo; Túlio Piva; Aníbal Bendatti; Benito Giusti; Hilário Honório; Adilo Borges Fortes da Silva; Norberto Silveira; Antonio Carlos Porto; Odilon Lopes; Gelson Oliveira; João Verle, Secretário Municipal da Fazenda; Índio Vargas; das Senhoras Esther Grossi, Secretária Municipal da Educação e Maria Cristina Vijano, Presidente da Associação Nacional de Apoio ao Índio e de representantes da Escola Imperadores do Samba. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Cyro Martini, que, em nome da Bancadas do PDT, PDS, PMDB, PTB e PL, discorreu sobre os motivos que o levaram a apresentar essa homenagem ao Senhor José Manito, dizendo ser o mesmo homem púublico, dedicado ao esporte amador e ao futebol de campo. Disse, ainda, que o Homenageado exerce atividades em prol das comunidades mais carentes de Porto Alegre, ressaltando a importância de seu trabalho. O Vereador João Motta, em nome das Bancadas do PT, PDT, PDS, PMDB, PTB e PL, discorreu sobre as diversas formas que o Senhor Gilberto Nascimento “Giba”, como é conhecido, se pronuncia diante da música, falando sobre a importância da cultura musical de clássicos negros de autoria do Homenageado. Reportou-se, também, sobre a vida pregressa desse músico e compositor. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB, disse que a Câmara Municipal de Porto Alegre está de parabéns pela concessão dos títulos honoríficos de hoje, afirmando que cada homenageado possui sua característica própria, dentro de sua atividade. Teceu comentários a respeito da vida de cada homenageado, ressaltando o convívio de cada um com a comunidade porto-alegrense, em especial, a do Senhor Paulo Sampaio “Sampaulo”, como todos conhecem Em continuidade, o Senhor Presidente registrou o recebimento de correspondências relativas ao evento, do Senhor Governador do Estado, do Vice-Governador, da Vereadora Sirlei Petry, da Câmara Municipal de Tuparendi, do Deputado Estadual Valdir Fraga, e de Oni Afonsina, passando-as às mãos dos respectivos homenageados. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, de pé, assistirem às entregas dos Diplomas aos Homenageados, feitas pelos Autores das proposições, e de lembranças oferecidas pela Casa aos mesmos. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Homenageados, que agradeceram a solenidade realizada pela Casa. Após, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e trinta e três minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária a ser realizada às dezenove horas de hoje. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Antonio Hohlfeldt e secretariados pelos Vereadores João Motta e Nereu D’Ávila, Secretários “ad hoc”. Do que eu, João Motta, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 

O SR. PRESIDENTE (Antonio Hohlfeldt): Damos por abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a entregar o Título Honorífico de Cidadão Emérito aos Senhores José Manito, Paulo Sampaio e Gilberto do Nascimento, conforme Processos nos 1460, do Ver. Cyro Martini, 198, do Ver. Nereu D’Ávila, e 1807, do Ver. João Motta, do corrente ano.

A Mesa, além da Presidência da Casa, tem o prazer de registrar a presença do Secretário da Cultura do Município, Luiz Pilla Vares, fazendo a representação do Município, pela viagem do Prefeito Olívio Dutra e porque o Prefeito em exercício, que está aqui conosco, deverá se retirar, tendo em vista o acúmulo das agendas; Deputado Valdir Fraga, na representação da Assembléia Legislativa; homenageados José Manito, Paulo Sampaio e sua esposa, D. Eneida, Gilberto Amaro do Nascimento e seu filho, Eduardo Nascimento.

Sem dúvida que a extensão da Mesa é imensa. Faremos as menções ao longo da Sessão. Começamos pelo Gilberto Buá, filho do Giba-Giba, Mauro, filho do Sampaulo, Antoninho Gonzales, nosso Presidente da ARI, que substitui o tradicional embaixador da ARI, Firmino Cardoso, Secretário Newton Burmeister, SMOV, Esther Pilla Grossi, da SMED, Tenente-Coronel Antônio César Chaves, Batalhão de Polícia de Choque, Tenente-Coronel Lauro, do 1º BPM, Cândido Norberto, Francisco Fiorezano, Chico Gaudério, João Carlos Vasconcelos, Secretaria do Planejamento, mais duas dezenas de jornalistas da “Folha da Tarde”, antigo “Diário”, do “Correio do Povo”, todos os órgãos de comunicação da Capital, queremos dar as boas-vindas e a muitos matar as saudades nesta Sessão.

Minhas senhoras, meus senhores, queremos, inicialmente, pedir escusas pelo fato de realizarmos esta Sessão neste Plenário, Plenário que é acanhado para o conjunto de pessoas que aqui se representam. Ocorre que tivemos um problema com encanamento e, evidentemente, nos vimos obrigados a fazer a transferência da Sessão aqui para este local. Esperamos que a falta de lugares nos dê em compensação a proximidade, o carinho, o calor, e felizmente o clima não vai nos obrigar a sofrer, tendo em vista que a temperatura está razoável no dia de hoje. Sobretudo, teremos um congraçamento extremamente bonito, na medida em que a cidade de Porto Alegre homenageia pessoas de diferentes segmentos da sociedade, com diferentes contribuições a esta mesma sociedade, na área da imprensa, na área do esporte amador. Sem dúvida alguma, esses três segmentos representam áreas extremamente significativas de todas as pessoas que moram nesta Cidade, que aqui nasceram ou para aqui vieram.

Falarão nesta Sessão, representando as suas Bancadas e representando, evidentemente, aqueles autores que propuseram essas homenagens: o Ver. Nereu D’Ávila, que foi o que viabilizou esta Sessão ao Paulo Sampaio, já que o Projeto original é do Deputado Estadual Valdir Fraga, ex-Vereador desta Casa, que está aqui conosco; o Ver. Cyro Martini, que foi o proponente da homenagem ao Sr. José Manito; o Ver. João Motta, que foi o proponente da homenagem ao Gilberto Amaro do Nascimento, que todos preferimos chamar de Giba-Giba; e o Ver. Lauro Hagemann, que vai, em última análise, falar em nome de todos nós, no sentido de homenagear a todos aqueles que hoje estão aqui sendo homenageados.

Eu quero dizer que é um imenso prazer termos aqui tantas pessoas ligadas à área cultural da cidade de Porto Alegre e neste sentido é que esperamos que esta Sessão seja um ato marcante nesta Casa, como há dias tivemos uma bela homenagem a um companheiro nosso, Jornalista Adaucto Vasconcellos, que vem fazendo o seu trabalho aqui nesta Casa.

Passamos a palavra, portanto, de imediato, ao Ver. Nereu D’Ávila, que falará pela sua Bancada, pelo PDS, PMDB, PTB, PL e PFL, nominalmente mencionados e, certamente, por todas as demais Bancadas, na medida em que ele fará a homenagem ao Paulo Sampaio, ao Sampaulo, por quem todos nós temos um carinho imenso. Ver. Nereu D’Ávila, a palavra é sua, com muita honra.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: (Menciona os componentes da Mesa.) Nós havíamos feito algumas laudas, por escrito, para homenagear o Sampaulo, eis que os demais dois homenageados, o Giba-Giba e o José Manito, terão os Vereadores que propuseram, como disse o Presidente, esta homenagem. Agora, no que nos cabe, foi graças à iniciativa do Ver. Valdir Fraga, que está conosco, hoje, que teve esta feliz idéia que se desse o Título de Cidadão Emérito ao nosso Sampaulo. E o Valdir certamente imaginou que inúmeros amigos, colegas, familiares dele, como dos outros homenageados, acorreriam à Câmara.

Dizer agora sobre seu currículo seria repetir o que os gaúchos já sabem, apenas tocar em seu ego. Creio, traduzindo o intento do Deputado Valdir Fraga, que nós, gaúchos, principalmente nós, porto-alegrenses, que privamos privilegiadamente de sua companhia, homenageamos o seu talento. Ele dizia, hoje, ao Lauro Quadros, que é de família a herança de desenhar. Então, se nos detivermos na incrível capacidade do que significa uma charge, temos de reflexionar que só os privilegiados de talento especial conseguem, num quadrado limitado, às vezes, representar o que todos pensam, e talento maior ainda é fazer-nos rir, o que, convenhamos, numa época de crise, já é um privilégio; sorrir, hoje, já é algo bom para nós, porque todos os dias acordamos dando uma vista de olhos nos jornais com as mais diversas preocupações de ordem econômica, social, etc.

Então, alguém disse, e eu traduzo a entrevista de hoje de manhã, com Lauro Quadros, que uma charge vale por mil palavras. Mas alguém desafiou Sampaulo: “Que tal uma charge e nenhuma palavra?”. Ele aceitou o desafio. Assim, buscou aqueles bonequinhos que estão nos aeroportos, ou em determinados restaurantes que tem o bonequinho do homem representando o homem e o da mulher, e colocou em fila na porta de entrada de um desses banheiros públicos. Diversas pessoas de diversas nacionalidades: japonês, italiano, brasileiro e por aí. E noutra parte do lado estava um ceguinho com sua bengala sendo estapeado literalmente por uma mulher por ter evidentemente adentrado em porta errada. Então, ali estava a demonstração do talento também sem palavras, palavra alguma, mas de que apenas o desenho era o símbolo do que deveria ser o objetivo.

Então, ali está estampada a característica do fazer rir, mas tem muito mais. Um talento desse teor pode simplesmente mudar o rumo das coisas, o rumo inclusive do destino das pessoas, como foi o caso uma vez, e aí eu confesso que não sei se foi dele a charge, mas aqui em Porto Alegre ficou como um tipo de paradigma, da representatividade, da expressividade, do forte conteúdo de condução da opinião pública da charge, naquela famosa feita ao tempo em que Brizola disputou com Triches a Prefeitura de Porto Alegre, e que numa charge - aí, eu repito, não sei se foi de Sampaulo, foi? -, ele carregava, ou alguém carregava na charge, o então Engenheiro Euclides Triches, ilustre homem público, diga-se de passagem, mas com vida pública em Caxias do Sul e apenas há pouco tempo em Porto Alegre, e alguém mostrava para ele: aqui é a Praça da Alfândega, aqui é a Prefeitura, aqui é a Borges de Medeiros. Ou seja, para quem queria ser o guru municipal número um, é evidente que faltava um pouco mais de conhecimento. E dizem, não sou eu que vou afirmar, e dizem que ali mudou o rumo do resultado e foi o que foi a eleição de Leonel Brizola para Prefeito de Porto Alegre.

De modo que o talento da charge é, efetivamente, um privilégio absoluto. Aqui estão homens da mais alta representatividade, em todos os setores da vida gaúcha. Alguns a quem admiro pessoalmente, pela sua vida de jornalista, de político, com características mil de retidão e decência. Não vou cometer o equívoco de citar a todos, porque poderia deixar de citar alguns, mas a verdade é que quando atingimos a maturidade, não só profissional, mas pessoal, sabemos que nos variados campos do conhecimento humano - e aqui, hoje, estão representados três campos importantes, como a música, o jornalismo e o esporte amador, que são três campos importantíssimos na condução da problemática social -, as homenagens já adquiriram tal estágio de discernimento que sabem que essas homenagens são passageiras, apenas significam que a Câmara de Vereadores, que é, ou quer ser, a legítima representante dos porto-alegrenses, através dos trinta e três Vereadores que a compõe, sabem, também, que as homenagens são efêmeras, e querem apenas distinguir que eles amadureceram nas suas profissões e que merecem, por isso, o reconhecimento dos seus contemporâneos, da nossa sociedade, porque tenho para mim, como filosofia de vida, que as lantejoulas das vitórias eventuais durante a vida não devem envaidecer a pessoa humana a ponto de desvincular-se da humildade e da convivência com os seus pares, com os seus irmãos, com aqueles que vivem em volta dele. E de que de nada adianta o acúmulo de bens materiais, porque a grandeza dos homens situa-se exatamente nas idéias que difundem, nos sentimentos que comunicam a seus semelhantes e na grandeza de seus atos pessoais.

Não adianta, muitas vezes, ter ou vencer no talento, na intelectualidade ou em qualquer campo do conhecimento humano se não se tem a grandeza da humildade e da convivência com os seus contemporâneos, para deles adquirir a confiança como pessoa humana. E só aqueles que comunicam sentimentos acumulados ao longo dos anos de decência, de dignidade e, principalmente, de humildade até em aceitar essas homenagens a que fazem jus, é verdade, mas que apenas se incorporam ao aperfeiçoamento de suas vidas. Que os seus amigos, que os seus contemporâneos, que os seus familiares recebam também, espargida aqui, quando da outorga do Título de Cidadão Emérito, eu tenho certeza que não teria valor para eles esta homenagem se não tivesse a ratificação de todos vocês e de toda a sociedade que amanhã irá receber através da imprensa a comunicação da homenagem desta tarde.

Por isso que é infinitamente honroso para as duas partes, para quem dá e para quem recebe, porque a Câmara, porque nós temos que procurar pelo menos representar aquilo que vai na alma de todos os que convivem conosco. E estas homenagens, até pela presença, aqui, hoje, Casa cheia, isso ratifica que andamos de passo certo ao fazê-la e ao prestá-la. Por isso, Sampaulo, além dos atributos pessoais de ter criado personagens que estão imortalizados nas páginas dos jornais, porque todo dia, ao folhearmos o jornal, procuramos imediatamente onde está aquilo que nos fará ou chorar.

Portanto, mais do que uma homenagem pessoal, é a nossa homenagem ao talento. E eu pedi licença ao Lauro Quadros, que, certamente, não pôde vir, para repetir uma frase que ele construiu e que eu considero como a síntese da tua personalidade, Sampaulo, e com ela eu concluo a minha modesta participação nesta homenagem que, a rigor, deveria estar sendo feita pelo Deputado Valdir Fraga, porque foi ele que teve a iniciativa, à época em que era Vereador. Então, concluo com a frase do Lauro, hoje pela manhã, na rádio Gaúcha: “Além de ser a glória do desporto nacional, mais do que isso, Sampaulo, tu és a glória do talento nacional”. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar a presença dos companheiros da Imperadores do Samba, do Professor Fernando Jorge Schneider, do escritor Luís Fernando Veríssimo, do nosso querido Túlio Piva, dos Jornalistas Aníbal Bendatti, Benito Giusti, Hilário Honório, Adil Borges Fortes da Silva, Norberto Silveira, Antônio Carlos Porto, Odilon Lopes, além do Cantor Gelson Oliveira, do Secretário João Verle, dos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Gert Schinke, Giovani Gregol, João Dib, Luiz Machado, Airto Ferronato e Ervino Besson, além dos Vereadores oradores desta Sessão.

Com a palavra o Ver. Cyro Martini.

 

O SR. CYRO MARTINI: (Menciona os componentes da Mesa.) Para nós, nesta oportunidade, podermos prestar uma homenagem justa a quem muito fez e ainda fará por esta Cidade, e estou me referindo a José Manito, é uma honra que, sem dúvida, ficará marcada para sempre nos anais da nossa modesta e humilde vida, tanto como funcionário público, como, também, hoje, no desempenho do mandato de representante do povo de Porto Alegre nesta Casa. Se tivermos o cuidado, a cautela, a atenção de olhar para o público aqui presente, as senhoras, os senhores, os jovens, os menos jovens, vamos perceber que temos aqui uma mostra viva da comunidade, da sociedade porto-alegrense, desde a mais humilde vila de Porto Alegre, onde temos um terço da população da Cidade, temos aqui representantes, até da classe mais afortunada também aqui vamos encontrar representação. A cultura popular está aqui representada, a sofisticada também.

Então, temos uma representação maravilhosa que deixa a todos nós, que temos a incumbência de dizermos as razões pelas quais é merecedor da homenagem aquele que foi o nosso indicado para esta homenagem, e que teve a satisfação de ver o seu nome - assim como eu, na qualidade de proponente - homologado de forma unânime, nos deixa numa situação delicada. O caminho que tomarmos, encontraremos representante, pessoa mais autorizada do que nós. Mas, quando temos como homenageado alguém cujas qualidades, cujas características são tão ricas, tão expressivas, tão marcantes como a de José Manito, o trabalho fica facilitado. Não é pela minha modesta capacidade de dizer, de falar que as coisas se colocam, que as idéias se põem, mas sim pela expressão de José Manito.

Se nós perguntarmos quem é José Manito, a Cidade, boa parte dela responderá, e o Partenon sem dúvida vai dizer: “É uma figura a quem Porto Alegre muito deve, especialmente o Grande Partenon”. Lá no Grande Partenon, embora seja oriundo de Arroio dos Ratos, na região mineira do Rio Grande, lá ele cresceu, construiu o seu lar, criou os seus filhos, lá ele fez pelo próximo, pela coletividade, aquilo que marcou a vida dele e que o tornou um Cidadão Emérito de Porto Alegre e um cidadão consagrado do Grande Partenon. Nós somos, hoje, radicados naquela região de Porto Alegre, nós estamos ali vendo a obra dele. Lá são comunidades modestas, comunidades humildes, grande parcela da população carente e pobre de Porto Alegre está lá no fundo do Grande Partenon. Lá estão as vilas onde estão as pessoas mais modestas de Porto Alegre, mas lá também está a figura de José Manito, e no Santa Catarina Tênis Clube, ali tem o seu ponto central, para dali irradiar o seu trabalho em favor da comunidade, de pessoas carentes, necessitadas, que precisam da nossa palavra, que precisam da nossa ajuda.

Pessoas como ele merecem esta homenagem, porque lá está o povo que necessita de nós, o povo necessitado, o povo trabalhador, que é o povo do Partido que ele teve a honra de presidir naquela zona, na década de 1950 e na década de 1970, que foi o antigo Partido Trabalhista. Lá está José Manito no meio daquela gente que cheira o suor da terra, do trabalho, do vigor e do esforço em prol da comunidade, como de resto de toda a nossa Nação. Então, por aí nós vemos o valor dele e devemos somar a isto o trabalho que ele desenvolveu e desenvolve ainda hoje, mas desenvolveu especialmente há certo tempo atrás com relação aos clubes, às agremiações de esporte amador, destinados ao futebol de campo. Vamos ver que essas pessoas como José Manito e como outros que estão aqui presentes merecem a nossa atenção, carinho e exaltação.

Entendo que Porto Alegre deve muito ao esporte amador e deve se dedicar a ele e dar a ele o apoio que merece, porque crescemos através do esporte amador. E aqui está o Sr. Benito, que se dedica há muitos anos ao esporte amador, desde o tempo de criança lá das bandas do Partenon, do tempo do nosso amigo José Junqueira Braga, desde aquele tempo entendi e hoje entendo muito mais que o esporte amador deve receber o apoio, como recebe do José Manito, porque através do esporte amador vamos conseguir melhorar a qualidade de vida da nossa comunidade. E não vemos isto. Vemos este povo que procura naquela região da São José, da João Pessoa, do Grande Partenon, lutando com unhas e dentes para conseguir fazer um campeonatozinho miserável, quando na verdade deveriam ter todo o apoio dos órgãos públicos para desenvolver um futebol pujante, porque ali está a recreação, a saúde, o congraçamento, justamente para evitar, prevenir as práticas que são nocivas à saúde e à boa convivência social.

Quando dizemos que ele fundou o Guarani e o Clube dos Pais, fundou agremiações na São José, estamos dizendo: “Eis um homem que se dedica de corpo e alma ao esporte”. Dedica-se à preocupação fundamental com o nosso povo. Vejam aquelas crianças perambulando por aí. Se as colocássemos a praticar esportes, teríamos gente mais sadia. O Município de Porto Alegre tem muitas leis sobre o esporte amador, o futebol de campo, especialmente, que é aquele que movimenta um maior número de pessoas. Por isto temos que respeitar, exaltar cidadãos como José Manito e o que ele propõe. Lá não se toma dinheiro, lá se dá dinheiro, lá tem que se tirar do bolso para pagar o aluguel de um campo, comprar um terno de camisetas. E ele está lá sempre e há anos, dando o seu dinheiro, dando o seu esforço, o seu amor por aquela gente.

Mas se olharmos por outro lado o esporte, a cultura popular e por aí, para outras esferas, nós vamos encontrar também José Manito no campo da segurança. O campo da segurança é hoje o que preocupa todos os cidadãos, desde os mais modestos até os cidadãos que configuram a nossa sociedade melhor posicionada em termos econômicos e financeiros, preocupa a todos. Por isso, o trabalho do cidadão que se dedica de alguma maneira a melhorar, a dar melhores condições para as autoridades que se dedicam à segurança, para a melhoria do trabalho destinado à proteção do cidadão, também merece o nosso respeito, a nossa atenção.

José Manito é o Presidente do Conselho de Segurança Comunitário da Grande Partenon, que engloba duas delegacias distritais, e o trabalho dele também levou para o interior da região do Grande Partenon a 2ª Companhia do 1º Batalha de Polícia Militar. Assim, vejam o que é um cidadão preocupado com a região de Porto Alegre, carente, necessitada, uma região cujas ruas necessitam de saneamento público, de pavimentação, de iluminação, necessitam de tudo e são carentes de toda a sorte. E, lá, pessoas assim merecem o nosso respeito e a nossa atenção.

Por isso esta Casa hoje se sente orgulhosa de prestar esta homenagem, mas também ela se sente ainda mais, no meu entendimento, e tenho certeza de que no entendimento dos demais Vereadores, pela representação da comunidade que aqui hoje está presente, porque aqui hoje está tendo esta Casa oportunidade de registrar: nós vemos a cultura popular, nós vemos a cultura sofisticada, as pessoas mais modestas, as pessoas que não são tão humildes, tão simples, todas elas aqui representadas, o Poder Público, a iniciativa privada e, nessa hora, então, nós nos sentimos satisfeitos, orgulhosos por poder dizer da nossa satisfação de ter encaminhado nesta Casa a homenagem a José Manito, e a certeza absoluta de que as qualidades dele farão dele também merecedor do apoio de todos os senhores, de todas as senhoras, como um ato de justiça, como um ato de consideração, de respeito de Porto Alegre para com aquelas figuras que ao invés de procurarem tomar, contrariamente, não, enfrentam o seu sangue, o seu suor, a sua vontade, o seu ardor, o seu desejo, a sua alma pela gente que o cerca, que estão ao seu lado.

Tenho certeza que todos que forem lá no Partenon, no Santa Catarina Tênis Clube, terão dele uma bela acolhida, uma recepção ardorosa, um abraço afetuoso e uma saudação, sem dúvida com todo o carinho. E, tenho certeza, repito, de que os senhores darão comigo um abraço nele. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estamos registrando as presenças do companheiro Dr. Índio Vargas, da Maria Cristina Vijano, Presidente da Associação Nacional de Apoio ao Índio, do Ver. Edi Morelli.

Concedemos, a seguir, a palavra ao Ver. João Motta.

 

O SR. JOÃO MOTTA: (Menciona os componentes da Mesa.) (Lê.) “Há uma profunda sensação de descontinuidade, de desconstrução dos discursos em todos os campos do saber. Os objetos privilegiados para a reflexão humana acerca de sua história, de sua existência, vão lentamente deslocando-se para as ações do quotidiano: o que era unitário - a transformação global e abrupta da sociedade -, fragmenta-se, grupos ecológicos, grupos de homossexuais, alternativos, freaks, punks, grupos de reflexão, de manifestação cultural, de artistas que no microuniverso do quotidiano vão construindo uma nova sociedade. Em Berlim, encontramos esses grupos na Linha Vermelha do metrô. Em Porto Alegre, eles estão na Cidade Baixa e, principalmente, no Bonfim. Em 1989, a Av. Osvaldo Aranha transformou-se no eixo pulsante, mas também hedonístico e orgiástico da campanha Luiz Inácio Lula da Silva, quando militantes do PT, PCs, PSB, não filiados, curiosos, se misturavam em alegres festas: demonstração de que o desejo de uma sociedade mais justa não passa somente pela construção de Partidos ou, pelo menos, de vínculo militante a eles. A arte, definitivamente, invadiu a esfera da política.

Dizer tudo isso e falar de Giba-Giba é pura redundância. Inquieto, olhos cristalizados de paixão pela vida, Giba é eclético: fala de política, da situação social do País com aquele tempero de esquerda, de quem admira Che Guevara e Fidel Castro. Ato contínuo, declama uma poesia: versos de negritude que Porto Alegre se acostumou a ouvir. Trafega em todos os setores da sociedade - em meio aos seus mais diversos valores, conceitos, comportamentos, com aquela universalidade que muitos ainda não compreenderam. Mas adverte: ‘Respeito a todos, sem precisar abrir mão daquilo que acredito’. Nada de total, totalidade, totalitarismos. Antes de tudo, respeito pela diferença e pela vida humana. Giba desconstitui, desconstrói para constituir, construir, numa ação interminável de organizador da desordem da realidade.

Fomos buscar a opinião do respeitável Juarez Fonseca, editor da Revista ZH e do segundo caderno de ‘Zero Hora’, que afirma: ‘Fosse só por sua importante participação na criação da primeira escola de samba de Porto Alegre, a Academia de Samba Praiana, e Giba-Giba já mereceria homenagens. Fez muito mais. Preservou o sopapo, instrumento do folclore afro-gaúcho, do qual é um dos únicos tocadores.

Nos anos 1960, quando a vida musical de Porto Alegre se resumia a praticamente meia dúzia de casas noturnas, que abrigavam os boêmios, Giba-Giba montou um de seus primeiros grupos, que era atração isolada em um ambiente que revelaria nomes que se projetariam nacionalmente. No fim dos anos 1960, ao lado de Ivaldo Roque, João Palmeiro, Laís e Sílvia Marques, agitou o ambiente universitário com o Canta Povo, um grupo que seria moderno e importante ainda hoje, quando a Cidade tem uma movimentação musical inédita.

Nos anos 1970, trocando experiências diversificadas em vários espetáculos que marcaram época, Giba-Giba avaliou com sua criatividade e capacidade de aglutinação a nascente ‘Música Popular Gaúcha’. Nos anos 1980, já claramente reconhecido como um pilar dessa música, continuou ampliando-se. Revelou Glória Oliveira como cantora, recuperou partes da memória de Porto Alegre, através de músicas como ‘Areal da Baronesa’, e do Rio Grande do Sul, em músicas como ‘Feitoria’. Levou sua música aos festivais, até receber seu prêmio maior, no Musicanto de Santa Rosa, com a música que é uma das grandes homenagens à Zona Sul de Porto Alegre, ‘Beirando o Rio’.

Membro do Conselho Estadual de Cultura por quatro anos, defendeu sempre a abertura de espaços para a manifestação do negro e para a importância do estudo da presença negra na história social e artística do Rio Grande do Sul.

Da mesma forma, afirma, Gilmar Eitelvin, produtor de discos e crítico musical de ‘Zero Hora’: ‘A obra de Giba-Giba passa por momentos brilhantes. Ele é autor de pelo menos dez clássicos da música popular negra, entre eles ‘Feitoria”, ‘Lugarejo’ e ‘Tassy’. Sua obra, hoje, pode ser levada a qualquer lugar do País e exterior como legítima representante do povo gaúcho.

Depois de tudo isso, é uma ironia que o Giba não tenha sequer um disco gravado. Ironia, mas também desafio, ser o patrimônio que é para a comunidade cultural e para a Cidade, situação conquistada através da militância: Giba é o militante da poesia e da música do Rio Grande do Sul. Perguntem a Porto Alegre!”

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos as presenças dos Vereadores Elói Guimarães, Dilamar Machado e Jaques Machado.

Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: (Menciona os componentes da Mesa.) Devo ser breve, porque um atropelo na cerimônia ao me inscrever para falar quando circulava pela Casa a lista das inscrições para as homenagens, eu pretendia falar homenageando o Giba e o Sampaulo e hoje me deparo com uma cerimônia tríplice, sinal de que os homenageados são figuras respeitáveis, queridas e que a Casa andou, acertadamente, ao lhes conferir esta titulação de Cidadão Emérito.

Sobre o Sr. José Manito, o Ver. Cyro Martini, que foi o proponente, já falou exaustivamente, e o Santa Catarina Tênis Clube é indubitavelmente uma característica do Partenon. Aquela parcela da Cidade vai se sentir honrada com esta homenagem. O Sr. José Manito representa essa parcela do povo porto-alegrense com inegável excelência.

O Giba, nosso velho companheiro de tantas lutas pela programação artística ao vivo nas emissoras de rádio e televisão, que infelizmente ainda não deu resultado, é o poeta, músico, o amante de Porto Alegre que todos nós conhecemos, uma figura que se encontra em cada canto da Cidade. Um homem que se recusou a sair de Porto Alegre porque ama esta Cidade. Embora não sendo porto-alegrense, o Giba qualificou as escolas de samba de Porto Alegre. Todos os que conhecem o carnaval, eu não me atrevo a tanto, sabem do papel que o Giba desempenhou nesse processo. Hoje ele está aqui conosco, alegre e faceiro, querendo colaborar cada vez mais com a vida cultural desta Cidade. Ele que é um símbolo da cultura negra, que a cultiva sem transigência, mas com muita sabedoria, sabendo que ele integra uma sociedade multiforme, poliforme, onde cada um tem o seu espaço nesta sociedade.

Eu devo me referir um pouco mais ao companheiro Sampaulo, o Paulo Sampaio, filho do Desembargador Sampaio, que certa vez, nos anos 1950, reagiu à dicotomia política desta terra e se lançou candidato ao Governo do Estado por uma frente de esquerda. E o Sampaulo não caiu longe do pé, como se diz, toda sua vida de jornalista, chargista, de intelectual, caminhou nessa direção. Não é um militante político, não é um militante partidário, mas é um homem político na acepção do termo. E muitas das suas obras, das suas charges revelam essa preocupação e refletem o seu modo de pensar. Sampaulo é praticamente um monumento da imprensa impressa desta Cidade e não só da imprensa esta que nós conhecemos através dos jornais, Sampaulo foi o primeiro caricaturista ao vivo da televisão Gaúcha, no tempo que ainda se faziam programas ao vivo, alguns. Sampaulo fazia as charges nas costas de uma tela transparente, ao vivo, e isto revela parte de seu imenso talento.

Eu quero referir aqui, até para que fique registrado, um episódio no qual nós fomos participantes, talvez ele nem se lembre mais, mas é uma coisa que me diz muito de perto. Foi quando Sampaulo saiu do “Diário de Notícias” e foi para a “Folha da Tarde”. Seus companheiros resolveram homenageá-lo no Bar do Bubi - só algumas poucas cabeças brancas aqui se lembram do Bar do Bubi, na Rua Marechal Floriano, quase esquina da Rua Jerônimo Coelho -, pois o Sampaulo foi homenageado por sua transferência do “Diário de Notícias” para a “Folha da Tarde”, e lá havia vários companheiros jornalistas, alguns até se encontram hoje por aqui, e me solicitaram que eu dirigisse algumas palavras ao Sampaulo, porque eu era, na época, Presidente do Sindicato dos Radialistas. Num discurso fraterno, amável, eu disse que o Sampaulo, naquele dia, tirava a sorte grande, porque o “Diário de Notícias” pagava mal, com atraso, era uma eterna luta, e na “Folha da Tarde” as coisas corriam mais risonhas. Então, disse isso, mais ou menos, com outras palavras, que o Sampaulo tirava a bilhete premiado da imprensa. Por esse discurso, fui suspenso por vinte e nove dias da rádio Farroupilha. Por casualidade, era o mês de outubro, que antecedia as eleições de 1966 - vocês vêem quanto tempo faz isso -, e eu aproveitei os vinte e nove dias de suspensão para fazer a minha campanha e me elegi Deputado Estadual. Mas, depois disso, ainda há a rebarba dos acontecimentos. Sampaulo foi testemunha na Justiça do Trabalho quando o “Diário” e “Emissoras Associados” me despediram, e lá fomos nós para a Justiça do Trabalho tentar reverter a punição. Depois de quatro anos, ela foi revertida, eu já havia sido cassado. Mas o Sampaulo continuava vivo e cada vez mais atuante.

Essas coisas servem para avivar a nossa memória, a minha e a dele. E isso nos agrada. Pode ser que a alguns o episódio seja circunstancial, passageiro, sem importância, mas para nós significa muito.

Mas o que quero dizer é que a Cidade tem em Sampaulo um cidadão da melhor espécie e qualidade, porque reflete, através do seu trabalho, o quotidiano da nossa vida e reflete de maneira muito especial, porque a charge, não só a do Sampaulo, mas também a de vários outros companheiros, a dele especialmente, tem uma característica singular: conseguiu, através do tempo, criar personagens que se tornaram famosos e reflete, com o seu trabalho, muitas situações que não se precisará interpretar com acuidade para enxergar, à primeira vista, o que querem dizer. E é nisso que reside o talento do chargista: saber interpretar aquilo que se quer revelar da situação. Sampaulo, prometi que seria breve e o serei, os Sofrenildos te agradecem. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar as mensagens recebidas, dirigidas ao Sr. José Manito, por parte do Sr. Governador do Estado, Dr. Alceu Collares, do Vice-Governador, Sr. João Gilberto Lucas Coelho, de Oni Afonsina e do próprio Deputado Valdir Fraga, que se encontra aqui presente. Passamos ao Sr. José a correspondência. Também, dirigido ao Sr. Paulo Sampaio, congratulações de parte do Sr. Governador do Estado e do Deputado Valdir Fraga. Dirigido ao Gilberto, mensagem do Sr. Governador do Estado, do Sr. Vice-Governador, da Verª Sirlei Petry, da Câmara de Vereadores de Tuparendi, e do Deputado Valdir Fraga, que está aqui conosco.

Minhas senhoras, meus senhores, é chegada a hora mais séria, mais importante, que é a da entrega dos respectivos Diplomas. Quero convidar o Ver. Cyro Martini, o Ver. Nereu D’Ávila e o Ver. João Motta para que compareçam aqui a fim de fazerem as respectivas entregas dos Diplomas. Convido a todos para que, de pé, assistam ao ato.

 

(Os Vereadores Cyro Martini, Nereu D’Ávila e João Motta procedem à entrega dos Diplomas aos Homenageados.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos a palavra ao Sr. José Manito.

 

O SR. JOSÉ MANITO: Sr. Presidente desta Casa, Ver. Antonio Hohlfeldt, Srs. Vereadores, autoridades já citadas pelos que nos antecederam, minhas senhoras e meus senhores. (Lê.)

“Breves palavras direi, não só para não ir além de vossas generosas paciências, bem como porque nem com muitas eu conseguiria expressar o meu agradecimento sincero, desvanecido e profundo por esse honroso título que hoje me concederam. Não posso silenciar, no entanto, este filho de um modesto mineiro, operário que um dia, ao deixar a querida Arroio dos Ratos, firmou o propósito de que nesta Capital haveria de honrar a família e sua terra. Assim, após um breve aprendizado no Colégio Concórdia, uma passagem pela carreira militar, estabeleci-me no Bairro Partenon, onde encontrei o amor de minha mulher, que me fez construir um lar, ter filhos, genros, noras, netos. E, ainda, como cidadão consciente da minha responsabilidade perante meus irmãos e da história que me propus fazer, sabedor das obrigações aos órgãos públicos, pois sozinho não conseguem atender todas as necessidades da população, fundei associações de bairros, clubes de serviços, clubes sociais, creches, conselhos comunitários, onde sempre busquei difundir o gosto pela vida, um otimismo e uma espécie de esperança permanente para dias melhores.

Sempre agi movido pelo espírito mais de servir do que ser homenageado. E nunca estive só. Nessa caminhada tenho contado com a ajuda e apoio de conterrâneos, vizinhos, autoridades militares, civis e religiosas e, muito especialmente, políticas, acima de qualquer partido, na pessoa distinta, operosa e digna do Ver. Cyro Martini, homem público que não só mantém a tradição desta Casa em ser composta de verdadeiros homens, como a tem elevado ainda mais, e que, por isso, tem recebido o reconhecimento de seus concidadãos do Partenon.

Com todos quero dividir esse título. Queira Deus que daqui para frente, ao longo dos anos que me faltam, eu me mantenha digno desta honraria de pertencer à galeria dos Cidadãos Eméritos de Porto Alegre e, com todas as forças, eu lhes digo agora que, em meu coração, este momento nunca se apagará. Muito obrigado!”

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos ainda as presenças do Ver. Antonio Losada, do Ver. Wilton Araújo, do Edgar Vasques, do Santiago, do Jornalista Ênio Rochembach, do Compositor Nelson Coelho de Castro.

Passamos a palavra ao Senhor Paulo Sampaio.

 

O SR. PAULO SAMPAIO: (Menciona os componentes da Mesa.) Exmo Deputado Valdir Fraga, autor do Projeto que me cede esta honra, Ver. Nereu D’Ávila, que recebeu bem a bola passada pelo Deputado Valdir e concluiu bem nas redes, é uma grande emoção, além do Título, me encontrar aqui entre o esporte e a música, que sempre me fascinaram. Se me for dada a oportunidade, na próxima encarnação, de escolher uma profissão, escolheria na área da música ou do esporte, talvez com um pouco de sorte pudesse ser um Pelé ou um Roberto Carlos, coisa mais ou menos assim.

Quero saudar o Presidente Antônio Gonzales, pela Associação Riograndense de Imprensa; o Sr. Saturno, Presidente da Escola de Samba Imperadores; o Sr. Chico Gaudério, Digníssimo Presidente da nossa Estância da Poesia Crioula; meus amigos e colegas da “Gravar”, que compõem os Gráficos Associados do Rio Grande do Sul. Quero, também, repartir, distribuir um pouco desta honraria que hoje me é concedida com os meus companheiros de profissão, uma profissão que até bem pouco não era reconhecida, mas, felizmente, agora, graças à nossa batalha e ao reconhecimento dos leitores, conseguimos assim abrir algum espaço. Nós, os chargistas diários, somos também homens públicos, nos expusemos através das páginas de jornais, com o nosso trabalho, como se expõem também os Vereadores e Deputados e os homens públicos. Diariamente estamos sendo julgados pelos leitores, como eles são julgados pelos seus eleitores. Nós, sempre tão expostos, dependendo de algumas oportunidades, como no tempo da “repressora”, tivemos fraturas expostas. A nossa exposição não é sopa.

É com grande felicidade que recebo este título de Cidadão Emérito desta Cidade, que aprendi a amar como nada neste mundo. Dei meus primeiros passos longe daqui, lá na doce Uruguaiana, mas todos os conseqüentes foram feitos nesta Cidade, infância, adolescência, juventude, e agora a “coroice”. Eu quero agradecer a todos os presentes, e agradecer também aos nobres Vereadores, que há muitos anos amo esta Cidade. Hoje ela me deu o “Sim”. A todos os meus amigos e minhas amigas o meu abraço, meu carinho e o meu beijo. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos a palavra ao Senhor Gilberto Amaro do Nascimento.

 

O SR. GILBERTO AMARO DO NASCIMENTO: (Menciona os componentes da Mesa.) Srs. Vereadores, meus amigos, minhas amigas, todos os segmentos da sociedade estão sendo citados, estão sendo lembrados, e eu aproveito para citar também uma parte das professoras, na presença da Professora Esther Grossi. Vou falar da Medicina, porque eu não posso deixar de falar na Medicina, porque faz parte da sobrevivência e a sobrevivência foi um estado em que Porto Alegre me ensinou a amá-la muito mais, quando tive um episódio na minha vida em que eu quase fui e aí eu voltei, e nessa volta tem várias pessoas que foram responsáveis, e eu sintetizo, inclusive, na presença do meu amigo Dr. Flávio Vittola.

Nasci numa cidade de forte colonização afro-portuguesa cheirando a Brasil com Charqueada, com samba, futebol e carnaval. Filho de Dona Maria Lucide e de Juvêncio Cardoso do Nascimento, o grande homem da minha vida, é em memória dele este momento. Desde os primórdios da consciência da nossa vida, deslumbrei pela mão generosa do meu pai o significado da tutela cultural de uma cidade. Sete horas de uma manhã, dia 21 de junho, desembarca do navio Itapuí, em Porto Alegre, o nosso agrupamento familiar. Com muita sorte, fomos parar na Cidade Baixa, na Joaquim Nabuco, onde cresci, sorri, sonhei, chorei, amei e multipliquei Eduardo, Dora Clarice, Gilberto Buá e Luzia, por enquanto.

Essa homenagem, nesta Casa, legítima representante do coração de nossa Cidade, é para nós uma infinita honra e indescritível alegria. Quero registrar o meu mais profundo agradecimento a esta Câmara, na figura dos ilustres Vereadores aqui presentes e, em especial, ao Ver. João Motta, autor da proposição que ensejou a nós este momento de fraterno encontro e perene amizade. E nós, contaminados por essa aura de amor, espalharemos nosso afeto a todos os moradores desta terra.

Por fim, agradeço aos presentes este inesquecível presente e ao conjunto de pessoas deste País que trabalham, trabalham, trabalham e que diretamente são responsáveis por todos os momentos desta festa que vivemos. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Senhoras e senhores, queremos passar às mãos dos nossos homenageados uma pequena lembrança da Câmara Municipal de Porto Alegre, uma xícara onde temos o brasão da cidade de Porto Alegre.

Ilustres componentes da Mesa, senhoras e senhores aqui presentes, em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre, nós cumprimentamos mais uma vez os nossos homenageados e agradecemos a presença de todos. Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h33min.)

 

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